ALVÍSSARAS (2019)
O exercício cênico Alvíssaras trata-se de um estudo em processo que foi fruto de oito meses de pesquisa pelo Programa Qualificação em Artes do Governo do Estado de São Paulo com orientação de Fernando Aveiro.
Alvíssaras significa “boas notícias”, e é tomado com sentido dúbio no caso, tendo em vista que a concentração temática está em questões relacionadas à homossexualidade e ao caráter laico em decadência do estado brasileiro, que aponta para uma distopia – realista e futurista. Como ponto de partida do trabalho há a Ilíada, de Homero, numa ressignificação para o hoje: sendo um texto essencialmente antropológico, pode-se considerar que a obra narra a história de cada um de nós como sendo Tróia, invadida pelos ataques e pela violência de cada dia.
Interessou no processo a distorção da fábula para a atualidade através de expoentes que envolvem desejo, segredo e proibição, tudo alimentando por escrituras bíblicas e pelo discurso do conservadorismo religioso que prega à diferença como anormalidade, reforçando preconceitos que geram violência e morte de pessoas LGBTQIA+ que continuam a ser exterminadas pela onda de intolerância no Brasil.
O exercício cênico “Alvíssaras” é um estudo ainda em processo que trata de fanatismo religioso, homossexualidade, opressão, disputa de poder, fetichismo, violência sexual, mas estampa fundamentalmente que em todo desaforo deve haver uma fímbria de esperança.
Artistas-pesquisadores: Douglas Aranha/ Ellen Candido/ Juliano Jacopini/ Luísa Brejão/ Simone Marcondes/ Thiago Gardini
Ilustração da arte: Jéssica Marçal
Suporte técnico: Mabê Henrique e Gabriela Ramos
Fotografias: Jamil Kubruk