LINHAS DE PESQUISA
TEATRO HORIZONTAL
A perspectiva de Teatro Horizontal ganhou força nas criações da Cia. Labirinto à luz da pesquisa cênica experimental. A ideia foi defendida no doutorado de Juliano Jacopini, "Teatro Horizontal - Ficções de Si" na Unicamp, sob orientação da Profa. Dra. Suzi Frankl Sperber.
Trata-se de uma prática criativa composicional colaborativa que se faz numa atração íntima entre ética e estética, em que a criação parte de referenciais constituintes - pessoais e coletivos - valorizando a multiplicidade expressiva a fim de, quando integrar um processo criativo, o artista adentre em processo de construção contínua de si. O pensamento e prático horizontal advém das reflexões de Khosro Adibi e se consolidou na Labirinto pela vivência com o artista pluridisciplinar, idealizador do Festival Fronteiras.
Um teatro que se quer horizontal é construido através do diálogo com a diferença, e se fortalece na experiência do vivido revistada, partilhada e reelaborada para a cena, em espécie de mímesis de si, no exercício de, ao construir obra de arte, o artista se reconstrua como humano. Daí que todo empenho teatral apresenta uma inclinação educativa.
TEATRO-DANÇA
Também foi através do contato com Khosro Adibi que a pesquisa de dança-teatro se estendeu na Cia. Havia o desejo de trabalhar com atenção voltada para a pesquisa do corpo em cena, e, intuitivamente, iniciou-se estudos práticos a partir do livro de Luís Otávio Burnier, "A Arte de Ator - da técnica à representação" (2009), e, posteriormnete, em cursos com atores do Lume Teatro: "A Presença do Ator", com Carlos Simioni; Mímesis Corpórea", com Raquel Hirson; "Mímesis e Dança", com Ana Cristina Colla e Ana Clara Amaral. Junto, residências intensivas com Adibi: I.P.L. - International Performers Lab (2012 e 2019) e Fisicalidade Teatral (2013), esta que deu origem ao espetáculo "... it...". Com grande base referencial estética em Pina Bausch e Dimitris Papaioannou, através de jogos de contato-improvisação, experimentos emergem da necessidade de corpos em relação, não visando uma formatação corpórea, ao contrário, é a diferença e dificuldade de cada corpo que tem traz uma singularidade expressiva que interessa, preceitos esses debruçados em uma pesquisa somática. Diretamente à dança, artistas do grupo vivenciaram experiências com Jussara Miller (ténica Klaus Vianna) e Renata Oliveira (dança dos orixás).
Agora, o interesse está em alargar experiências para composições no espaços urbanos, direcionado pelo artista Douglas Aranha que vem desenvolvendo pesquisa na área.
TEATRO COM BONECOS
O teatro com bonecos é uma pesquisa advinda do autodidatismo do artista Thiago Gardini, que há dez anos trabalha com teatro de animação em escolas da rede municipal de ensino. A partir de experimentos, testes, e claro, desejo e intuição, amparado por referenciais estéticos como Álvaro Apocalypse, Ilka Schönbein, Stephen Mottram, e outros, o artista foi desenovendo junto à Cia. procedimentos próprios de criação cênica e criação dos próprios bonecos, enxergando-os como corpo-extensão do artista. Assim, nos espetáculos que têm o animado, artista e boneco co-atuam mutuamente.
Essa pesquisa vem se fortalecendo e foi endossada com duas importantes residências intensivas: "Máscara Neutra" (2017) com Tânia Alonso e Grupo Galhofas; e "Autômatos e a poesia do movimento" (2018), com Eduardo Salzane, que ampliaram os interesses e possibilidades de criação, além de o animado ter aberto uma porta diferenciada de atuação da cia.: a contação de histórias com bonecos e objetos.
CORPOGRAFIA
Procedimento criativo consolidado durante construção do espetáculo “Ame!”, por Juliano Jacopini e Mabê Henrique, sendo a escrita de si pelo corpo-memória. Toma-se a memória do vivido como material indispensável para composição de dramaturgias da experiência, justapondo materiais internos (memória) à materiais externos (fotos, poemas, canções) estimulando a tessitura dramática autobiográfica ficcional de si, reconhecendo o valor associativo da criação para construção de uma identidade em vida (ética) e de uma identidade em arte (estética). Parte-se de jogos corpográficos (colaborativos), passando pela escrita de depoimentos pessoais para seguir com improvisações de quadros cênicos. Fotos, músicas, desenhos, escritos, é um trabalho voltado para valorização da vida do artista, que pode partir de seus silenciamentos parare-criar a própria vida. Junto a este procedimento criativo, uni-se a força do teatro horizontal ao desenho conceitual de mímesis de si, apresentado, via práxis, na tese de Juliano Jacopini que toma o conceito de pulsão de ficção, cunhado por Suzi Sperber no livro "Ficção e Razão - um retomada das formas simples", para embasar toda a reflexão.